sábado, 9 de junho de 2012

O dramático paradoxo exploratório do Homem



O homem vive um dramático paradoxo exploratório. Ele pensa, explo­ra e conhece cada vez mais o mundo que o envolve, mas pouco pensa sobre seu próprio ser, sobre a riquíssima construção de pensamentos que explode num espetáculo indescritível a cada momento da existência. O homem moderno, com as devidas exceções, perdeu o apreço pelo mundo das idéias.

Apesar de ter escrito este livro principalmente para pesquisadores, pro­fissionais e estudantes da Psicologia, da Psiquiatria, da Filosofia, da Educa­ção e das demais áreas cuja ferramenta fundamental seja o trabalho intelec­tual, eu gostaria que ele também atingisse o leitor que não se considera um intelectual nessas áreas. O direito de pensar com liberdade e consciência crítica é um direito fundamental de todo ser humano; e este livro objetiva contribuir para esse direito.

Aprender a apreciar o mundo das idéias, percorrendo as avenidas da arte da dúvida e da crítica, estimula o processo de interiorização, expande a inteligência e contribui para a prevenção da síndrome da exteriorização existencial e das doenças psíquicas.

(...) Um dos maiores erros da educação clássica, que bloqueia a formação de pensadores, foi e tem sido o de transmitir o conhecimento pronto, acabado, sem evidenciar o seu processo de produção, o seu rosto histórico.

No VII Congresso Internacional de Educação * ministrei uma conferên­cia sobre "O funcionamento da mente e a formação de pensadores no terceiro milênio". Na ocasião, comentei que no mundo atual, apesar de termos multiplicado como nunca na história as informações, não multiplicamos a formação dos homens que pensam. Estamos na era da informação e da informatização, mas as funções mais importantes da inteligência não estão sendo desenvolvidas.

Ao que tudo indica, o homem do século XXI será menos criativo do que o homem do século XX. Há um clima no ar que denuncia que os homens do futuro serão mais cultos, mas, ao mesmo tempo, mais frágeis emocionalmente, terão mais informação, contudo serão menos íntimos da sabedoria.

A cultura acadêmica não os libertará do cárcere intelectual. Será um homem com mais capacidade de respostas lógicas, mas com menos capaci­dade de dar respostas para a vida, com menos capacidade de superar seus desafios, de lidar com suas dores e enfrentar as contradições dá existência. Infelizmente, será um homem com menos capacidade de proteger a sua emoção nos focos de tensão e com mais possibilidade de se expor a doen­ças psíquicas e psicossomáticas. Será um homem livre por fora, mas prisio­neiro no território da emoção.

O sistema educacional que se arrasta por séculos, embora possua pro­fessores com elevada dignidade, possui teorias que não compreendem muito nem o funcionamento multifocal da mente humana nem o processo de construção dos pensamentos. Por isso, enfileira os alunos nas salas de aula e os transforma em espectadores passivos do conhecimento e não em agen­tes do processo educacional.

Augusto Cury - Inteligência Multifocal

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