Para se ter energia física, você deve
naturalmente tomar alimentos adequados, ter a justa proporção de
repouso, etc. Mas, há também a energia psicológica, a qual se dissipa de
várias maneiras. Para ter essa energia psicológica, a mente busca por
estímulos. Frequentar a igreja, assistir partidas de futebol,
entregar-se à literatura, ouvir música, assistir reuniões do
mesmo gênero desta aqui — todas essas coisas lhe estimulam; e se o que
você deseja é ser estimulado, isso significa que, psicologicamente, você é dependente.
A busca de estímulo, em qualquer forma que seja, implica dependência de
alguma coisa — de uma bebida, uma droga, um orador, ou de entrar numa
igreja; e, certamente, a dependência de estímulo não apenas embota a mente, mas também ocasiona dissipação de energia. Assim, para conservarmos nossa energia, deve desaparecer toda espécie de dependência ou estímulo;
e, para ocorrer o desaparecimento da dependência, precisamos nos tornar
conscientes dela. Se, para ter estímulo, uma pessoa depende de sua
mulher ou de seu marido, de um livro, de seu cargo no escritório, de ir
aos cinemas — qualquer que seja o gênero de estímulo — deve, em primeiro
lugar, estar consciente disso. O aceitar simplesmente os estímulos e
com eles viver, dissipa a energia e deteriora a mente.
Mas, se a pessoa se torna consciente dos estímulos e descobre o
significado que tem em sua vida, dessa maneira poderá ficar livre deles.
Pelo autopercebimento — que não é autocondenação, etc., porém, estar
simplesmente consciente, sem escolha, de si próprio pode um homem
conhecer todas as formas de influência, todas as formas de dependência,
todas as formas de estímulo; e esse próprio movimento da ação de
aprender lhe dá a energia necessária para se libertar de todas as
dependências e de todos os estímulos.
Krishnamurti — 26 de julho de 1964
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