domingo, 29 de abril de 2012

a Lua e as Estrelas .....

 Ela estava lá no céu de escuro azul , muitas das estrelas estavão a observar mesmo que distantes , uma com o brilho , a quase iguais as outras , normais como o ciclo natural , do funcionamento da terra.

Enquanto ao meu caminhar , num roteiro de fim de tarde entre a minha casa e o shoping criciuma , uma cansada e boa pernada , quase 3 horas em pé sem carro , sem moto , sem bicicleta ....

O  ciclo de tempo para e a horas do relogio deixa de existir no dia a dia do seu cotidiano , é uma escolha da vida humana seguir o ciclo natural da terra.

Olhar fixo no seu estrelado muitas estrelas , deixam nós hipinotizados , e ali voce começa a questionar que romance verdadeiro é ver a LUA com sua tamanha naturalidade , talvez um perfil de muita naturalidade Feminina , ali esta ela toda NUA ... sem muito vislumbre embora uma grande mulher que difere de todas as outras , é claro que ela e tão natural , sem muitos DISFARCES , e ela mesma.

Quando ELA mesma  LUA quer se MAQUIAR ela muda o seu jeito interior ela e DIFERENTE de todas aquelas que brilhao intenssamente as ESTRELLAS , ela a LUA NÃO nasceu pra ser estrela .

É obvio que ela não tem disputado os lugares aonde ela sempre viveu, o mundo.
Ela é diferente , tem dias em que ela esta pela metade , tem noites em que ela abandona a noite e fica PRESENTE ao seu no céu do dia , isto é coisa de mulher , e quem vai explicar a sua muita SIMPLICIDADE , que vaga o seu OLHAR ?

Junto a criação me sopra a grande quantidade de estrelas ao LADO DELA , e no exato momento uma comparação , me veio a mente sobre a DIFERENÇA ENTRE  a racionalidade e o coração .....

As estrelas e a LUA ....

Os homens são METIDOS a racionalistas AO EXTREMO devido ao numero de grandes quantidades de CONHECIMENTOS adquiridos pelo ENSINO SUPERIOR e as massas de intelectualidade , cabe a perceber que o homem se tornou EGOISTA E INSENSSIVEL ao coração humano ...

Tudo isto culpa das ideologias conceitos , cidadania , blá blá bl´´a fruto de todo entrentenimento gerado pelo MONOPOLIO DA EDUCAÇÃO.

É por isso que o homem vai buscar inumeros conhecimentos , atraves das estrelas atraves das galaxias , e juntos ele não tera nossão do TEMPO , e irá se perder em um buraCO NEGRO .

De sua CONSCIENCIA ,  e ali ele se perdera na FALSA CIENCIA , e ele não estara ciente de tudo isso ....

Porque BASTA OLHAR pra lua e ver que ELA nem sempre esta inteira , seu curso é natural COMO O CORAÇÃO , e qual poeta não tem consciencia de sua contemplação?

Reina o coração , | em uma terra de muita razão , destroi totalmente os racionalistas de Plantão ...

A nossa vida uma PONTE livre sem pedagios da RAZÃO , os RACIONALISTAS 80 % NÃO ENTENDEM da | Lua e do meu coração ...

Poeta DE PLANTÃO , escrito sem tinta e caneta na mão , o teclado esta proximo ao coração ....

aqui já estorei mais uma Prissão....

Quem é Ela tão diferente com sua Beleza a LUA ?

Um dia tu vai descrever aqueles que tem Sentimentos e falam das coisas do Simples coração.

Aonde estão  estas estes humanos tão naturais ?  que são coração ?

São valiosos e valiosas adoro passar bons tempos ao lado dessas pessoas.


Rodrigo Indalêncio



Perfeito vazio

Xutos & Pontapés

Aqui estou eu
Sou uma folha de papel vazia
Pequenas coisas
Pequenos pontos
Vão me mostrando o caminho

Às vezes aqui faz frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no Vazio
As vezes aqui faz frio

Sei que me esperas
Não sei se vou lá chegar
Tenho coisas p'ra fazer
Tenho vidas para a acompanhar

Às vezes lá faz mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio

(lá fora faz tanto frio)

Bem-vindos a minha casa
Ao meu lar mais profundo
De onde saio por vezes
Para conquistar o mundo

Às vezes tu tens mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
No teu peito vazio


 


terça-feira, 24 de abril de 2012

Sangue Latino - Leonardo Boff

Está é a VIDA a que Pertencemos




Esta é a vida Dream Theater


No coração de sua mais solene e estéril noite
Quando sua alma virou do avesso
Você já questionou toda a loucura que você Almejou?
Sobre o que se baseia toda sua vida?

Alguns de nós escolhem viver graciosamente
Alguns podem ficar presos no labirinto
E perder o caminho de casa
Esta é a vida a que pertencemos

Nosso Presente, Dom divino
Você já quis ser outra pessoa?
Lugares trocados na sua mente?
É apenas um desperdício de tempo

Alguns de nós escolhem viver graciosamente
Alguns podem ficar presos no labirinto
E perder o caminho de casa
Esta é a vida a que pertencemos
Nosso presente divino

Alimente a ilusão de dentro dos seus sonhos
Expulse os monstros de seu interior

A vida começa com uma tela vazia
Frágil, deixada nas mãos do destino
Impulsionada pelo amor e esmagada pelo ódio
Até o dia
Que o Presente, o Dom se vai
E só restarem sombras

Alguns de nós escolhem viver graciosamente
Alguns podem ficar presos no labirinto
E perder o caminho de casa
Memórias irão desaparecer

O tempo corre
O que eles dirão
Depois que você se for ?

Esta é a vida a que pertencemos
O Nosso dom divino
O Nosso dom divino

Educação ainda que tardia



Nossa educação sofreu e parece ainda sofrer de uma enorme inversão de valores, os quais ainda não foram devidamente estudados pela ciência. Somos educados para a busca do alcance do estado mais elevado de padrão social e não para a busca do mais elevado estado de consciência, capaz de esclarecer um processo de descontinuidade do herdado caos formado pela ambição geradora da enorme desigualdade social. Somos educados para dedicar nossa vida à uma alienante especialização, desde que lucrativa, e não ao pleno desenvolvimento de todos os nossos canais de sensação e percepção de mundo. Em resultado disso, todo homem alienado é um co-responsável pelo presente, complexo e intrincado caos social, este resultante da supressão sistêmica de seus sentidos mais intrinsícos que apontam para a manifestação de uma consciência amorosa, dotada de uma genuína responsabilidade social. Sair do controlado e egocentrado estado de consciência, socialmente culturado, significa ter a ousadia de lutar pelo resgate do abortado processo de desenvolvimento da inteligência humana e, através desse resgate, ser mais um conspirador pelo alastramento dessa inteligência no absurdo, gritante e desnivelado terreno social.



Nelson Jonas - nj.ro@hotmail.com

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sobre orgulho ferido




O que nos faz acreditar em falsas promessas?

Nossa incapacidade de percepção do real.

Culpar o outro por nossa limitação

é ausência de humildade, é orgulho ferido,
e este, sempre busca por um bode expiatório.

Nelson Jonas

A mente como guia




É possível crer no material que a mente gera internamente? O que você tem seguido como guia? A mente, incansavelmente, gera pensamentos que logo se transformam em conclusões e promovem limitações. O que Satsang nos propõe é justamente parar de seguir este fluxo e aquietar-se.



Se existe o interesse em descobrir quem você é, pare de ir a algum lugar guiado pela sua mente. A resposta vem de dentro de você mesmo, para você mesmo e por você mesmo – até porque não existe mais nada, a não ser você mesmo.



Renda-se! Experimente... Por vinte e um dias, não dê ouvidos à sua mente de maneira nenhuma. Apenas vinte e um dias! Isso será o suficiente para algumas mudanças no seu sistema. Por vinte e um dias, perceba o ruído da mente apenas como um rádio distante e, se você gostar da experiência, repita isso por mais vinte e um dias e mais vinte e um... até que este passe a ser o seu jeito de viver, observando.


 

Pondere: você quer viver o resto da sua vida dando ouvidos à sua mente? Se você chegou até aqui, quer dizer que existe uma grande possibilidade de já ter ante-visto o trágico de viver tendo a mente como guia. Note que todo o material gerado pela mente aparece e desaparece, como ondas.



Você é aquilo onde as ondas acontecem. Portanto, não há o que temer. Aquiete-se e ouça o Silêncio disponível aqui e agora.



Satyaprem

domingo, 22 de abril de 2012

A diferença entre o coletivo e o individual

Krishnamurti - 28 de agosto de 1955 – Ojai (Califórnia) U.S.A.

 

Do livro: Realização sem esforço - ICK

 

Muito difícil, segundo penso, distinguir a diferença entre o coletivo e o individual, e descobrir onde termina o coletivo e começa a individualidade; e, também, perceber o significado do coletivo e descobrir se é possível ficar-se livre do coletivo e promover a integração do indivíduo. Não sei se já pensastes, ainda que ligeiramente, a respeito deste problema, que me parece ser um dos problemas fundamentais do mundo, principalmente na época atual, em que tanto se encarece a importância do coletivo. Não só nos países comunistas, mas também no mundo capitalista, onde, se estão criando “Estados de Bem-Estar”, como é o caso da Inglaterra, se está atribuindo significação cada vez maior ao coletivo. Criam-se fazendas coletivas e cooperativas de toda ordem, e, ao considerarmos tudo isso, ficamos a perguntar-nos qual é o lugar que o indivíduo irá ocupar nesse quadro e se, afinal, o indivíduo existe mesmo.

 

Sois um indivíduo? Tendes um certo nome, um depósito bancário particular, casa própria, certas características fisionômicas e psicológicas, mas sois realmente um indivíduo? Acho de muita importância considerar bem esta questão, uma vez que só quando existe a incorruptibilidade do indivíduo — de que tratarei mais adiante — há a possibilidade de surgir alguma coisa totalmente nova. Isso significa que cada um precisa descobrir por si mesmo onde termina o coletivo, se ele de fato termina, e onde começa a individualidade — o que suscita todo o problema do tempo. Este assunto é muito complexo e, por ser complexo, precisamos aplicar-nos a ele de maneira simples, direta, sem dar voltas ao redor dele; e, se me é permitido, vou examiná-lo nesta manhã.

 

Peço licença para sugerir-vos observeis o vosso próprio pensar, enquanto falo, e que não vos limiteis a escutar meramente, aprovando ou desaprovando o que se está dizendo. Se escutais apenas para concordar ou discordar, com uma superficial compreensão intelectual, então esta palestra e todas as anteriores, serão completamente inúteis. Mas, se sois capaz de observar o funcionamento de vossa própria mente enquanto o vou descrevendo, esse próprio observar produzirá uma ação extraordinária, que não é imposta nem forçada.

 

Acho de muita importância descubramos cada um de nós, onde termina o coletivo e começa o individual. Ou o nosso pensar — conquanto modificado pelo temperamento pessoal, pelas idiossincrasias de cada um — será totalmente coletivo? O “coletivo” é o conglomerado de condicionamentos vários, nascidos das ações e reações sociais, das influências educativas, das crenças, dogmas e preceitos religiosos, etc. Todo esse processo heterogêneo constitui o coletivo, e se examinardes, se olhardes a vós mesmos, vereis que tudo o que pensais, vossas crenças ou descrenças, vossos ideais ou oposição aos ideais, vossos esforços, vossa inveja, vossos impulsos, vosso senso de responsabilidade social — vereis que tudo isso é resultado do coletivo. Se sois pacifista, vosso pacifismo é o resultado de um certo condicionamento.

 

Assim, se examinamos a nós mesmos, admiramo-nos de ver quanto estamos integrados no coletivo. No mundo ocidental, onde o cristianismo domina há tantos séculos, sois criados no condicionamento respectivo. Sois educados como católicos ou protestantes, com todas as divisões do protestantismo. E tendo sido educados dessa maneira, crendo em absurdos de toda ordem — no inferno, na punição eterna, no purgatório, no único Salvador, no pecado original e outras coisas mais — estais condicionados por essa educação, e ainda que vos afasteis dessas coisas, no vosso inconsciente permanecerá sempre um resíduo desse condicionamento. Tendes sempre o medo do inferno, ou de não crerdes num certo Salvador, etc.

 

Assim, se consideramos bem esse extraordinário fenômeno, parecerá um tanto absurdo uma pessoa dizer-se “um indivíduo”. Podeis ter gostos individuais, ter vosso nome próprio, e uma fisionomia completamente diferente da de outro homem, mas o processo do vosso pensar é, por inteiro, um resultado do coletivo. Os instintos raciais, as tradições, os valores morais, a extraordinária devoção ao sucesso, a ambição de poder, de posição, de riquezas, geradora de violência — não há dúvida de que tudo isso é resultado do coletivo, uma herança secular. E é possível do meio desse conglomerado, extrair o indivíduo? Ou é impossível de todo? Se levamos a sério esta questão de promover a transformação radical, uma revolução, não é importantíssimo consideremos este ponto fundamental? Porque, só ao homem que é um indivíduo, no sentido em que estou empregando a palavra, ao homem não contaminado pelo coletivo, ao homem que está só — não isolado, mas completamente só, interiormente — só a esse homem a Realidade pode manifestar-se.

 

Expressando-o diferentemente: Iniciamos as nossas vidas com suposições, postulados; que há ou que não há Deus, que há inferno e céu, que é necessário um certo padrão de relações, uma determinada moral, que deve prevalecer uma determinada ideologia, etc. Com estas suposições, que são produto do coletivo, criamos uma estrutura que chamamos educação, que chamamos religião, e fundamos uma sociedade em que o individualismo brutal prevalece sem freios, ou é mantido sob controle. Esta sociedade está baseada na suposição de que é necessária e inevitável a competição, de que é necessária a inveja, a ambição. Mas, é possível não construirmos sobre suposições de qualquer natureza, mas construirmos ao mesmo tempo em que estamos investigando e descobrindo? Se aceitamos o descobrimento feito por outro, nesse caso entramos imediatamente no terreno do coletivo, que é o terreno da autoridade; mas se cada um de nós começar livre de suposições e postulados, então vós e eu edificaremos uma sociedade toda diferente, e esta me parece uma das questões mais importantes da época atual.

 

Ora, percebendo esse processo na sua inteireza — no nível consciente e bem assim no inconsciente, já que o inconsciente é também resíduo do coletivo — é possível extrairmos daí o indivíduo? Pode-se pensar, se se despojar o pensar da influência coletiva? Se fostes educado como católico, metodista, batista, ou seja o que for, vosso pensar é o resultado do coletivo, consciente ou inconsciente; vosso pensar é resultado da memória, e a memória é o coletivo. Isto é um tanto complexo e devemos examiná-lo com vagar, sem concordar nem discordar; o que queremos é descobrir.

 

Quando se diz que há liberdade de pensamento, isso me parece um absurdo completo, porque, do modo como vós e eu pensamos, o pensar é reação da memória, e a memória produto do coletivo, sendo esse coletivo cristão, hinduísta, etc. Nessas condições, nunca haverá liberdade de pensamento enquanto o pensar estiver baseado na memória. Vede, por favor, que isto não é mera lógica. Não o rejeiteis, dizendo: “Ora, isto é puro raciocínio lógico”. Mas não é. Será lógico por acaso, mas eu estou descrevendo um fato. Enquanto o pensamento for reação da memória, que é resíduo do coletivo, a mente terá de funcionar na esfera do tempo, sendo o tempo a continuação da memória de ontem, hoje e amanhã. Para a mente em tais condições haverá sempre a morte, a corruptibilidade e o medo, e por mais que busque algo incorruptível, fora do tempo, nunca o achará, porque o seu pensamento é sempre resultado do tempo, da memória, do coletivo.

 

Nessas condições, pode uma mente cujo pensamento resulta do coletivo, cujo pensamento é o coletivo, desembaraçar-se do coletivo? Quer dizer: Pode a mente conhecer o atemporal, o incorruptível, o que existe sozinho, que não esteja sob a influência de nenhuma sociedade? Não afirmeis nem negueis, não digais “já tive experiência disso” — porque isso nada significa, em se tratando de questão tão complexa como esta. Pode-se ver que há sempre corrupção, quando a mente funciona no coletivo. Poderá ela inventar um código de moral melhor, promover reformas sociais, mas tudo estará sob a influência coletiva e, portanto, será corruptível. Por certo para descobrir se há um estado incorruptível, atemporal, imortal, a mente tem de estar totalmente livre do coletivo. E ao dar-se a sua completa libertação do coletivo, o indivíduo será anticoletivo? Ou não será anticoletivo, mas, sim, funcionará num plano totalmente diferente, que o coletivo poderá repelir? Estais seguindo?

 

O problema é: Pode a mente ultrapassar o coletivo? Se nenhuma possibilidade existe de ultrapassarmos o coletivo, então temos de contentar-nos com adornar o coletivo, abrir janelas na prisão, instalar uma iluminação melhor, mais banheiros, etc. É nisto que o mundo está interessado, e é a isso que ele chama progresso, condições de vida melhores. Não sou contra o melhoramento das condições de vida, pois seria uma estupidez isso, principalmente por parte de quem vem da Índia, onde se passa fome como em nenhuma outra parte do mundo, excetuada talvez a China, onde tanta gente só toma meia refeição por dia, e mesmo nenhuma, onde há miséria, sofrimento, doença, e a incapacidade para a revolta, já que o povo está a morrer de fome. Assim, pois, nenhum homem inteligente pode ser contra a instauração de melhores condições de vida; mas se é só isso que interessa, então a vida será puramente materialista. E neste caso o sofrimento é inevitável; neste caso estará muito bem que haja ambição, competição, antagonismo, impiedosa eficiência, guerras... toda esta estrutura do mundo moderno, com suas esporádicas reformas sociais. Mas se começarmos a investigar o problema do sofrimento — o sofrimento representado pela morte, pela frustração, pela treva da ignorância — então cumpre examinar essa estrutura, no seu todo, e não apenas certas partes dela, como a manutenção de exércitos, as formas de governo, etc., visando a reformas parciais. Ou aceitamos esta sociedade toda inteira, ou a rejeitamos completamente — “rejeitar”, não no sentido de evitá-la, mas de descobrir a sua significação.

 

Assim, pois, se a mente não achar possibilidade de libertar-se desta prisão do coletivo, então o que pode fazer é só voltar atrás e reformar a prisão. Mas eu acho que tal possibilidade existe, pois seria estúpido demais ficarmos a lutar eternamente dentro da prisão. E como achará a mente um meio de se libertar dessa massa heterogênea de valores e contradições, ambições e impulsos? Enquanto isso não acontecer, não haveráindividualidade. Podeis denominar-vos um indivíduo, dizer que tendes uma alma, um “eu” superior, mas essas coisas são invenções da mente, que faz parte do coletivo.

 

Veja-se o que está acontecendo no mundo. Um novo grupo do “coletivo” está a negar a alma, a imortalidade, a permanência, a Jesus como único Salvador, etc. Em vista de todo esse conglomerado de asserções e contra-asserções, surge a inevitável pergunta: É possível a mente libertar- se dele? Isto é, é possível ficarmos libertados do tempo, do tempo como memória, memória esta que é produto de determinada cultura, civilização ou condicionamento? Pode a mente ficar livre dessa memória? Não me estou referindo à memória da técnica de construir uma ponte, da estrutura do átomo, do caminho de casa; esta é a memória “fatual”, e sem ela estaríamos dementes ou doentes de amnésia. Mas pode a mente existir livre da memória psicológica? Pode, sem dúvida, mas só quando não está a buscar segurança. Afinal de contas, como disse ontem, enquanto a mente busca a segurança, seja numa conta bancária, seja numa religião ou em vários gêneros de atividades sociais e de relações, tem de haver violência, homem que possui muito cria a violência; mas o homem que percebe a futilidade de ter muito e se torna eremita, esse também cria violência, porque está buscando a segurança, não no mundo, mas em idéias.

 

O problema é então este: Pode a mente ficar livre da memória, — não da memória relativa ao conhecimento de fatos, mas da memória coletiva, amontoada através de séculos de crença? Se fizerdes a vós mesmo esta pergunta, com toda a atenção, e não esperardes que eu vos responda — porque não há resposta — vereis então que, enquanto a mente está buscando a segurança, sob qualquer forma, pertenceis ao coletivo, a uma memória multissecular. E o não buscar a segurança é sumamente difícil, visto que podemos rejeitar o coletivo, mas constituir um novo coletivo, com nossas próprias experiências. Compreendeis? Posso rejeitar a sociedade com toda a sua corrupção, sua ambição, sua avidez e competição, no plano coletivo; mas, depois de rejeitá-la, tenho experiências e cada experiência deixa o seu resíduo. Estes resíduos se tornam também o coletivo, já que constituem uma coleção. Aí encontro a minha segurança, que transmito a meu filho, a meu vizinho, de modo que, mais uma vez, está criado o coletivo, num padrão diferente.

 

É possível a mente ficar livre da memória do coletivo? Quer dizer, ficar livre da inveja, da competição, da ambição, da dependência, da perene busca do permanente como meio de segurança. Pois só quando há esta liberdade, pode existir o indivíduo. E nela se encontra um estado de espírito, um “estado de ser” completamente diferente. Não há mais possibilidade de corrupção, não há mais o tempo, e para essa mente, que pode ser chamada individual, ou outro nome qualquer, a Realidade surge na existência. Não se pode buscar a Realidade; se o fizerdes, ela se tornará vossa segurança e, portanto será totalmente falsa, sem nenhuma significação, como o vosso desejo de dinheiro, a vossa ambição e busca de preenchimento. A realidade tem de vir a vós e não poderá vir enquanto houver a corrupção pelo coletivo. Eis porque a mente deve achar-se completamente só, não influenciada, não contaminada e, portanto, livre do tempo, pois só então pode manifestar-se o imensurável, o atemporal.

 

Krishnamurti – 28 de agosto de 1955 – Ojai (Califórnia) U.S.A.
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Aprender a viver sem ideologias





Nenhuma ideologia pode ajudar a criar um mundo novo ou uma nova mente ou um ser humano novo porque a própria orientação ideológica é a causa principal de todos os conflitos e de todas as misérias. Pensamento cria fronteiras, pensamento cria divisões, e pensamento cria preconceitos - e o próprio pensamento não os pode ligar; é por isso que todas as ideologias fracassam. Agora o homem precisa aprender a viver sem ideologias: religiosa, política ou outra qualquer. Quando a mente não está ligada a nenhuma ideologia está livre para se mover para novos entendimentos. E nessa liberdade floresce tudo o que é bom e tudo o que é bonito.



Osho, em "Uma Xícara de Chá"

Humor



Para mim, o humor é a mais sagrada experiência da vida.

E há muitas coisas para provar isso: à exceção dos homens, nenhum animal em toda a existência possui senso de humor. Você espera que um búfalo ria? Ou que uma mula tenha senso de humor?

A partir do momento em que os santos ocidentais se tornam sérios, caem na mesma categoria que os búfalos e as mulas: não são mais humanos, porque essa é a única qualidade especial que a consciência humana possui. Isso nos mostra que é somente a partir de um determinado ponto da evolução que o humor se manifesta.

E quanto mais alto você se eleva, mais divertida e bem-humorada será usa abordagem em relação à vida e seus problemas. Os problemas não serão mais um peso, será uma alegria resolvê-los.

A vida não será um pecado – foram as pessoas sérias que fizeram da vida um pecado -, mas uma recompensa, um presente.

E aqueles que estão desperdiçando suas vidas com a seriedade não estão gratos com a existência.

Aprenda a rir com as flores e as estrelas, e você sentirá uma estranha leveza tomando conta de seu ser... como se você tivesse asas e pudesse voar.

Osho, em "Osho de A a Z: Um Dicionário Espiritual do Aqui e Agora"

quinta-feira, 19 de abril de 2012

domingo, 15 de abril de 2012

Apenas outro Tijolo na Parede





Quando crescemos e fomos à escola
Havia certos professores que
Machucariam as crianças da forma que eles pudessem
Despejando escárnio

Sobre tudo o que fazíamos
E expondo todas as nossas fraquezas
Mesmo que escondidas pelas crianças
Mas na cidade era bem sabido

Que quando eles chegavam em casa
Suas esposas, gordas psicopatas, infernizavam a vida deles
Não precisamos de nenhuma educação
Não precisamos de controle mental

Chega de humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz!
Tudo era apenas um tijolo no muro

Todos são somente tijolos na parede
Não precisamos de nenhuma educação
Não precisamos de controle mental
Chega de humor negro na sala de aula

Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz!
Tudo era apenas um tijolo no muro
Todos são somente tijolos na parede

"Errado, faça de novo!"
"Se você não comer sua carne, você não ganha pudim."
" Como você pode ganhar pudim se não comer sua carne?"
"Você! Sim, você atrás das bicicletas, parada aí, garota!"

Eu não preciso de braços ao meu redor
E eu não preciso de drogas para me acalmar
Eu vi os escritos no muro
Não pense que preciso de algo, absolutamenteNão!

Não pense que eu preciso de alguma coisa
Afinal tudo era apenas um tijolo no muro
Todos são somente tijolos na parede

sábado, 14 de abril de 2012

Respeitabilidade

A respeitabilidade é uma maldição; é um “mal” que corrói a mente e o coração. Infiltra-se sorrateiramente na pessoa e destrói o amor. Ser respeitável é se sentir bem-sucedido, criar para si mesmo uma posição no mundo, construir em torno de si um muro de segurança, da autoconfiança que vem junto com o dinheiro, o poder, o sucesso, a capacidade ou a virtude. Esse exclusivismo da autoconfiança resulta em ódio e antagonismo nos relacionamentos humanos, que são a sociedade. Os respeitáveis são sempre a nata da sociedade, e, portanto, eles são sempre a causa de discórdias e miséria. Os respeitáveis, como os desprezados, estão sempre à mercê das circunstâncias; as influências do ambiente e o peso da tradição são extremamente importantes para eles, pois isso esconde sua pobreza interior. Os respeitáveis estão na defensiva, assustados e desconfiados. O medo está em seus corações, portanto a raiva é sua justiça. Suas virtudes e devoções são sua defesa. Eles são como o tambor, vazio por dentro mas barulhento quando golpeado. Os respeitáveis jamais podem estar abertos à realidade, pois, como os desprezados, eles estão presos na preocupação com seu próprio aprimoramento. A felicidade é negada a eles, que evitam a verdade.



Não ser ganancioso e não ser generoso estão intimamente ligados. Ambos são um processo de autolimitação, uma forma negativa de autocentrismo. Para ser ganancioso, você precisa ser ativo, extrovertido; você deve lutar, competir, ser agressivo. Se você não tem essa iniciativa, não está livre da ganância, mas apenas fechado em si mesmo. A extroversão é um transtorno, uma luta dolorosa, portanto o autocentrismo é encoberto pela expressão não-ganancioso. Ser generoso com a mão é uma coisa, mas ser generoso com o coração é outra. A generosidade da mão é uma questão razoavelmente simples, dependendo do padrão cultural e assim por diante; mas a generosidade do coração é de importância muito mais profunda, exigindo percepção e entendimento prolongados.



Não ser generoso é também uma agradável e cega preocupação consigo mesmo, na qual não existe atividade exteriorizada. Esse estado de autopreocupação tem suas próprias atividades, como as de um sonhador, mas elas jamais lhe despertam. O processo de acordar é doloroso, e, portanto, jovem ou velho, você prefere ser deixado em paz para tornar-se respeitável, para morrer.



Assim como a generosidade do coração, a generosidade da mão é um movimento externo - geralmente doloroso, enganador e auto-revelador. A generosidade da mão é fácil de aparecer; mas a generosidade do coração não é uma coisa a ser cultivada, é a libertação de toda a acumulação. Para perdoar, precisa ter havido uma ofensa; e para ser ofendido, precisa ter havido os acúmulos do orgulho. Não existirá generosidade de coração enquanto houver uma memória referencial, do “eu” e o “meu”.



Krishnamurti
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