terça-feira, 1 de maio de 2012

O medo da morte é muito útil




Pergunta a Osho:



O medo da morte muitas vezes irrompe, intenso e forte, e o medo de ter de deixar toda essa beleza, essa amizade e amor. Como é possível relaxar com essa certeza da morte?



Primeiro, só é possível relaxar quando a morte é uma certeza. Relaxar fica difícil quando as coisas são incertas. Se você souber que vai morrer hoje, todo o medo da morte vai desaparecer.



Para que perder tempo? Você tem o dia de hoje para viver: viva tão intensamente quanto possível, viva da forma mais plena possível.



A morte pode não chegar. A morte não pode chegar para as pessoas que vivem com muita intensidade e plenitude. E, mesmo que ela chegue, essas pessoas que viveram intensamente vão lhe dar as boas-vindas, pois ela é um grande alívio.



Elas estão cansadas de viver, elas viveram com tal plenitude e intensidade que a morte chega como uma amiga. Assim como depois de um dia inteiro de trabalho duro, a noite vem como um grande relaxamento, como um sono belo, o mesmo acontece com a morte depois da vida.



A morte não tem nada de feio nela; você nunca encontrará nada mais cristalino do que a morte. Se o medo da morte surgir, isso significa que ainda existem algumas brechas que ainda não foram preenchidas com o viver.



Portanto, esses medos da morte são muito úteis e esclarecedores. Eles lhe mostram que a sua dança tem de ser um pouco mais rápida, que você tem de viver com mais intensidade. Dance tão rápido que o dançarino desapareça e só reste a dança. Assim nenhum medo da morte pode visitá-lo.



"E o medo de ter de deixar toda essa beleza, essa amizade e amor." Se você vive totalmente no aqui e agora, que interessa o amanhã? O amanhã tomará conta de si mesmo.



Jesus está certo quando pede a Deus, "Senhor, dai-nos hoje o pão nosso de cada dia". Ele não está pedindo para amanhã, só o de hoje já é suficiente. Você tem de aprender que cada momento tem uma completude.



O medo de ter de deixar isso tudo só irrompe porque você não está vivendo plenamente no presente; do contrário não haveria tempo, não haveria mente e não haveria espaço.



Um dia perguntaram a um mercador quantos anos ele tinha. Ele disse, "Trezentos e sessenta anos". Sem poder acreditar, o homem disse, "Repita, por favor. Acho que não escutei direito". O mercador gritou, "Trezentos e sessenta anos!"



O homem disse, "Perdoe-me, mas não posso acreditar. Você não parece ter mais de sessenta!" O mercador respondeu, "Você não deixa de estar certo. No que diz respeito ao calendário, eu tenho sessenta anos. Mas, no que diz respeito à minha vida, eu tenho seis vezes mais do que qualquer pessoa. Em sessenta anos eu vivi trezentos e sessenta anos".




Depende da intensidade. Existem duas maneiras de se viver. Uma é à maneira do búfalo — ele vive horizontalmente, numa única linha. A outra é à maneira do Buda. Ele vive verticalmente, em altitude e profundidade.



Assim cada momento pode se tornar uma eternidade. Não perca tempo com o trivial; viva, cante, dance, ame de modo tão pleno e transbordante quanto você for capaz. Nenhum medo interferirá e você não ficará preocupado com o que acontecerá amanhã.



O hoje basta por si mesmo. Vivido, ele é tão pleno! Ele não deixa espaço para que se pense em mais nada.



Osho, em "O Livro do Viver e do Morrer: Celebre a Vida e Também a Morte"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...