quarta-feira, 30 de maio de 2012

Você é psicologicamente dependente?


Para se ter energia física, você deve naturalmente tomar alimentos adequados, ter a justa proporção de repouso, etc. Mas, há também a energia psicológica, a qual se dissipa de várias maneiras. Para ter essa energia psicológica, a mente busca por estímulos. Frequentar a igreja, assistir partidas de futebol, entregar-se à literatura, ouvir música, assistir reuniões do mesmo gênero desta aqui — todas essas coisas lhe estimulam; e se o que você deseja é ser estimulado, isso significa que, psicologicamente, você é dependente. A busca de estímulo, em qualquer forma que seja, implica dependência de alguma coisa — de uma bebida, uma droga, um orador, ou de entrar numa igreja; e, certamente, a dependência de estímulo não apenas embota a mente, mas também ocasiona dissipação de energia. Assim, para conservarmos nossa energia, deve desaparecer toda espécie de dependência ou estímulo; e, para ocorrer o desaparecimento da dependência, precisamos nos tornar conscientes dela. Se, para ter estímulo, uma pessoa depende de sua mulher ou de seu marido, de um livro, de seu cargo no escritório, de ir aos cinemas — qualquer que seja o gênero de estímulo — deve, em primeiro lugar, estar consciente disso. O aceitar simplesmente os estímulos e com eles viver, dissipa a energia e deteriora a mente. Mas, se a pessoa se torna consciente dos estímulos e descobre o significado que tem em sua vida, dessa maneira poderá ficar livre deles. Pelo autopercebimento — que não é autocondenação, etc., porém, estar simplesmente consciente, sem escolha, de si próprio pode um homem conhecer todas as formas de influência, todas as formas de dependência, todas as formas de estímulo; e esse próprio movimento da ação de aprender lhe dá a energia necessária para se libertar de todas as dependências e de todos os estímulos. 

Krishnamurti — 26 de julho de 1964

sábado, 26 de maio de 2012

Diga não ao escapismo místico




Há uma diferença fundamental entre o escapismo místico e o altruísmo místico. No primeiro caso, o homem está interessado apenas em conseguir sua própria realização, e ficará satisfeito em parar por aí os seus esforços; no segundo caso, ele tem o mesmo objetivo, mas tem também a aguda aspiração de fazer com que suas realizações, uma vez materializadas, estejam disponíveis para o serviço da humanidade. E pelo fato de tão profunda aspiração não poder ser armazenada por muito tempo para esperar essa materialização, ele até sacrificará parte do seu tempo, do seu dinheiro e energia para fazer o que puder, ainda que pouco, para iluminar os outros intelectualmente. Até mesmo se isso significasse nada fazer além de tornar o conhecimento filosófico mais acessívelas às pessoas comuns do que o foi no passado, já seria suficiente. Mas ele pode fazer muito mais do que isso. Ambos os tipos reconhecem a necessidade indispensável de se retirar deliberadamente da sociedade e de se isolar de suas atividades a fim de obter o recolhimento necessário para atingir intensidade de concentração, refletir sobre a vida e estudar livros místicos e filosóficos. Mas, enquanto o primeiro faria do isolamento algo permanente e vitalício, o segundo faria dele algo temporário e ocasional. E, por "temporário", queremos dizer qualquer período que vá de um dia a vários anos. O primeiro é um habitante da torre de marfim do escapismo; o segundo é meramente seu visitante. O primeiro só pode encontrar felicidade na solidão, e deve retirar-se da perturbadora vida da humanidade para consegui-la; o segundo busca uma felicidade que permanecerá firme em todos os lugares, e faz daquele retiro apenas um meio para atingir esse fim. Cada um tem o direito de seguir seu próprio caminho. Mas numa época como a atual, em que o mundo todo está sendo convulsionado e a alma humana agitada como nunca antes, acreditamos pessoalmente que é melhor seguir o caminho menos egoísta e mais compassivo. 

Paul Brunton

sábado, 5 de maio de 2012

Naufraga — e Vive!




Lembro-me ainda do horror que eu tinha do naufrágio do eu...



Desse pequeno pseudo-eu periférico, físico-mental, que eu considerava como meu verdadeiro Eu, porque ignorava ainda o outro EU, central, divino, eterno, o reino de Deus dentro de mim...



Que seria de mim se esse pequeno eu naufragasse?



Que valor teria ainda a minha vida?



Uma vida sem vida, sem encantos — vida descolorida, vida murcha, vida morta...



Por isto, cerquei de uma vasta floresta de "meus" o meu querido "eu", para que o protegessem e defendessem eficazmente de qualquer perigo de ataque e destruição.



Fortifiquei o baluarte central do eu com mil fortins e trincheiras de "meus", de diversos tamanhos e feitios, bens e propriedades materiais de toda espécie...



E, para maior segurança, mandei registrar no cartório os documentos que me declaravam dono e possuidor único desses bens periféricos que cercavam o bem central; e sobre estampilhas esguias e viscolores tracei a data e o meu nome por extenso, com firma reconhecida pela autoridade pública...



Depois disto, voltei para casa, perfeitamente tranquilo, ciente de que já não havia poder algum sobre a terra que me pudesse espoliar desses preciosos "meus", defensores do meu queridíssimo eu...



Senti-me seguro e tranquilo como os rochedos do Himalaia...



Coloquei a mão pesadamente sobre esse símbolo dos bens materiais em derredor e proclamei ao mundo, com voz grave e retumbante: Saibam todos que isto aqui é meu, só meu, e de mais ninguém!...



E fui repousar, tranquilo e sereno, no interior do baluarte do eu rigidamente fortificado com esse numerosos fortins de "meus" de diversos tamanhos e feitios...



Isto foi ontem, anteontem, anos atrás...



E eu não tinha a menor idéia da comédia ridícula que desempenhava com essas "previdências" humanas, porque os meus companheiros de comédia faziam o mesmo, e a insensatez de muitos ou de todos sempre parece transformar em "sensatez" as nossas maiores "insensatezas"...



Um dia, porém, acordei do longo letargo — e me surpreendi prisioneiro...



Prisioneiro dentro de minha própria fortaleza...



Verifiquei que não era nenhum possuidor, ma sim um possuído...



Possuído e possesso de muitos bens...



E esses bens eram meu grande mal...



Vi que esses "meus" em derredor escravizavam o eu, que os carcereiros de fora davam ordens ao encarcerado de dentro...



A chave da prisão estava do lado de fora, nas mãos deles...



Horrorizado, bradei por socorro...



Mas não havia redentor que me redimisse da irredenção do eu...



Também, como poderia o eu redimir-me, redimir-se, se ele mesmo era o escravo?...



escravo não redime escravo — não há ego-redenção...



Não pode o preso descerrar de dentro a prisão em que vive e agoniza — só poderia abrir a porta do cárcere alguém que viesse de fora, alguém que fosse livre...



Só Deus sabe quanto sofri nessa longa noite de agonias anônimas, de torturas íntimas, que nem sequer atingiram os ouvidos dos meus melhores amigos e confidentes...



Há coisas que não podemos dizer a ninguém, porque ninguém as compreenderiam — e muitíssimos até descompreenderiam essas coisas íntimas...



Assim, tive eu de carregar a minha cruz sem nenhum Cirineu, rumo ao topo do Gólgota...



Quem me libertaria desses "meus", tiranos, a escravizar o eu?



Depois de muito sofrer e muito lutar e muito clamar e muito chorar e muito orar — entreouvi uma voz longínqua, como que vinda dos últimos confins do Além...



E essa voz longínqua segredava-me, com silenciosos trovões e trovejante silêncio: Naufraga — e vive!



Estupefato, escutei essa voz do longínquo Além, e percebi que vinha do propínquo Aquém — do Além de dentro de mim mesmo, das ignotas profundezas de minha alma divina, da luz invisível do meu Cristo interno...



Fitei os olhos nessa luminosa escuridão do Além de dentro...



E as trevas foram-se adelgaçando aos poucos, enquanto eu orava: Deus do universo de dentro e de fora! Faze-me conhecer-Te, faze-me conhecer-me!



Foi amanhecendo promissora alvorada...



Extasiado, vi-me face a face com o Cristo eterno...



O Cristo do universo do Aquém — o Cristo do universo do Além...



O eterno Logos que, no princípio estava com Deus, que era Deus, que é a Vida, que é a Luz que ilumina a todo homem que vem a este mundo...



Vi — não como se vê com os olhos...



Compreendi — não como se compreende com o intelecto...



Vi, compreendi, como se vê e compreende com a alma, com o Emmanuel, com o Cristo interno, que é o Cristo eterno que sempre de novo se faz carne e habita em nós...



E, nesse momento eterno, cheguei a saber mais da realidade do que havia procurado saber em meio século de esforços individuais...



Tateando como um cego, fui voltando aos poucos às baixadas terrestres, sujeitas a tempo e espaço...



Sabia que, embora cidadão do Infinito, tinha de viver ainda, como imigrante temporário, neste plano finito — porque tinha uma grande missão a cumprir...



Era embaixador do Cristo, arauto do reino de Deus entre meus semelhantes...



Olhei em derredor — e vi que todos os fortins dos "meus" de antanho haviam desabado em ruínas — não ficara pedra sobre pedra...



A derrocada do baluarte do pseudo-eu acarretara a rendição incondicional de todas as fortificações circunvizinhas, daquilo que eu chamava o "meu".



Compreendi a lógica do fato — também, por que ainda manter trincheiras externas se a fortaleza interna já não existia?



Naufragara o falso eu — e lá se foram os falsos "meus"...



O estreito arroio do "eu" desaguara no vasto oceano do "NÓS" — e todas as barulhentas ondas dos efêmeros "meus" afogaram-se no seio silencioso do eterno "NOSSO"...



A expansão daquilo que eu SOU produz necessariamente a universalização daquilo que eu TENHO...



Nada mais tenho como meu desde que deixei de ser este pequeno eu...



A diluição do pequeno eu humano no grande TU divino gera a espontânea distribuição do meu individual ao nosso universal...



Depois desse naufrágio mortífero, que me faz entrar na plenitude da vida, sinto-me tão indizivelmente livre e feliz que tenho irresistível vontade de abraçar o mundo inteiro, e de dar a cada ser um pouco da minha felicidade — pouco ou muito, quanto ele puder abranger, porque sei que esse tesouro divino é inexaurível...



Olhei em derredor, na exultante consciência da gloriosa liberdade dos filhos de Deus — e verifiquei com surpresa que todos os "meus", esses "ex-meus", que eu abandonara com o naufrágio do pseudo-eu, esse "ex-eu", corriam atrás de mim e queriam ser meus...



Não! — bradei — não vos quero mais, tiranos e carcereiros de outrora! Retirai-vos de mim!



Eles, porém, esses "meus" de ontem, não se retiravam, mas replicaram calmamente: Já não somos tiranos e carcereiros teus! Somos teus amigos e aliados! Quem se libertou do falso eu pode sem perigo possuir o que cerca esse eu! Já não queremos possuir-te, glorioso filho de Deus, queremos ser possuídos por ti! Leva-nos contigo a Deus, teu Deus e nosso Deus, tu, que és nosso irmão mais velho e vais em linha reta a Deus, leva pela mão a nós, teus irmãos menores!...



Assim diziam e suplicavam os grandes e pequenos "meus" de ontem, toda essa numerosa família de bens terrenos que eu abandonara...



E eu os acolhi como servos e amigos, e eles me serviram e servem, dócil e jubilosamente como bons aliados na jornada comum rumo a Deus...



E, certo dia, defrontamos com um homem estranho, que disse: "Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça — e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo"...



E segui avante, após o grande naufrágio voluntário — na plenitude da vida...



Huberto Rohden

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Revolta: 2012





"Nem todas as forças do mundo são tão poderosas quanto uma ideia cujo tempo já chegou."
- Victor Hugo

2011: Mais de 2 bilhões de dólares gastos em despesas militares.

2011: Mais de 6.9 milhões de crianças morrem de doenças relacionadas com a fome.

A qualidade de vida global está em queda contínua pois o preço da comida e dos recursos estão a aumentar continuamente. A corrupção e a injustiça infestam o mundo AGORA mais do que nunca.

Vós estais apenas a fazer o papel de consumidores neste sistema. Como gado para as corporações e bancos mundiais. É essa a vida que você imaginou? Uma vida de servidão a um sistema que prospera em obediência e consumo auto-promovido?

Senhoras e Senhores, realmente não há muita razão para rodeios, eu imagino.

Nesse momento você já deve ter notado a manipulação e preconceito dentro da mídia. Você viu como o seu governo te vendeu rio abaixo. Empresas têm enterrado o seu dinheiro nos seus políticos e agora influenciam as decisões do seu governo. Os bancos continuam a crescer mais cruéis e antiéticos na prática. Tudo em nome do lucro. Seu futuro, o futuro de seus filhos... isso não significa nada para eles. O único resultado desejado é o lucro máximo, obtido com a mínima despesa possível. E queira você admitir ou não, você já sabia disso. É isso aonde você queria chegar? Uma etiqueta de preço na vida? Um mundo tomado pela ganância, intoxicado pelo ganho monetário e conquista material? Por que nós permitimos isso?

Senhoras e Senhores, essas são perguntas que vocês deveriam estar se perguntando. O mundo a nossa volta tem sido manipulado, coagido em uma direção onde a vida humana é compensada pelo lucro. Corporações e banqueiros agora influenciam as políticas, regulamentos e até mesmo as decisões tomadas pelos nossos próprios governos, que nos venderam rio abaixo. Eles tomaram os nossos sonhos. Nossos futuros. Eles tomaram de você. De todos nós. E na sua própria arrogância, de forma condescendente,eles esperam que você dê a volta e aceite. Eles transformam em leis restrições contra os seus direitos e liberdades individuais. Querem que você cale a boca! Fique em silencio! Manter-te sozinho e todos nós divididos.

Marketing te faz perseguir uma imagem, dizendo o que você precisa fazer, o que pensar e dizer... como se sente, como se vestir. Como ser você. Quem é você? Você realmente sabe? Você pode honestamente dizer-me que você está feliz com a vida que é definida para você? Abra os olhos! Está tudo lá fora, na sua frente. Pare de confiar nesses políticos retorcidos. Eles não se importam com você! Eles não se importam. A vontade do povo não é um investimento rentável.

Você passa o tempo todo perseguindo o sonho de vida que eles criaram para você, acenando-lhe na frente de seu rosto como uma cenoura em uma vara. Pare com isso! Pare de ser guiado pela vida! Precisamos parar de deixar que as decisões de uns poucos controlem as nossas vidas. Precisamos tomar o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos de volta em nossas mãos.

Quando nos tornamos tão descuidados? Tão idiotas, apáticos e submissos? Quando perdemos a nossa ligação com os outros, com a comunidade e família?

Pare de se concentrar nas nossas diferenças e comece a reconhecer e tirar partido dos nossos pontos comuns. Comece a compartilhar, conectar, ensinar uns aos outros e aprender uns com os outros também. Construir a nossa relação como seres humanos. Encontre a sua força na unidade. Encontre a sua voz e então deixe ser ouvida. Porque, meus amigos o que você tem a dizer sim importa. Nós apenas precisamos deixar de estar de joelhos, ficar em nossos próprios pés e lembrá-los o quanto nós importamos!

Torne-se a mudança que você quer ver. Construa o futuro juntos! Um futuro decente. Um futuro onde a vida é valorizada, ao invés de adorar o dinheiro. Onde a justiça, equidade e liberdade é a doutrina. Um mundo investido em educação e criatividade, em vez de guerras e conquistas.

Livre-se do seu cinismo, do seu ego, do seu medo. Em vez disso abram seus corações, suas mentes e seus olhos. Amplie seus horizontes. Respeite os outros por suas próprias opiniões, da mesma forma que você pode esperar o mesmo em troca. É hora de mudar nossos caminhos. Para evoluir e se libertar deste ciclo vicioso.

É hora de nos educarmos sobre as questões que nos afetam e trabalharmos juntos para criar soluções progressistas e eficazes.

Bem-vindo ao futuro. Bem-vindo à "Freedom Informant Network"

A Freedom Informant Network:

"Um Canal de Mídia social - Onde pessoas de mesma opinião, vindas de toda parte do mundo, podem se unir e compartilhar notícias e informações. Ensinar, aprender entre si, dentro e fora da rede."

"Uma fonte centralizada para mídia alternativa e independente a fim de conectar a audiência global em busca da verdade sobre o mundo onde vivemos e o sistema que o regula."

"Uma comunidade de porte global, conduzida por fatos e focada em elaborar soluções efetivas para os problemas enfrentados por nosso mundo atualmente. Para neutralizar a corrupção a injustiça e a opressão."

Imagine: Um público bem informado. Com as ferramentas necessarias para ter suas vozes escutadas por todo o planeta. As ferramentas para, em rede, organizar níveis local, regional e global. E um esforço mundial executado em união para combater as forças que se opõem à verdadeira liberdade.

Imagine:Um protesto mundial ocorrendo simultaneamente. E à medida que as multidões crescem por todos os países, boicotes em massa acontecem combinados aos protestos.

Imagine então o engajamento civil global de não-conformidade durante todo o tempo que continuamos nossos protestos e boicotes. Torne-se um membro ativo da comunidade. Compartilhe a rede com os outros à medida em que expandimos nossa comunidade juntos. Porque juntos, nos podemos...

Fim da corrupção.

Fim da opressão.

Fim da injustiça.

Fim do medo.

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terça-feira, 1 de maio de 2012

O medo da morte é muito útil




Pergunta a Osho:



O medo da morte muitas vezes irrompe, intenso e forte, e o medo de ter de deixar toda essa beleza, essa amizade e amor. Como é possível relaxar com essa certeza da morte?



Primeiro, só é possível relaxar quando a morte é uma certeza. Relaxar fica difícil quando as coisas são incertas. Se você souber que vai morrer hoje, todo o medo da morte vai desaparecer.



Para que perder tempo? Você tem o dia de hoje para viver: viva tão intensamente quanto possível, viva da forma mais plena possível.



A morte pode não chegar. A morte não pode chegar para as pessoas que vivem com muita intensidade e plenitude. E, mesmo que ela chegue, essas pessoas que viveram intensamente vão lhe dar as boas-vindas, pois ela é um grande alívio.



Elas estão cansadas de viver, elas viveram com tal plenitude e intensidade que a morte chega como uma amiga. Assim como depois de um dia inteiro de trabalho duro, a noite vem como um grande relaxamento, como um sono belo, o mesmo acontece com a morte depois da vida.



A morte não tem nada de feio nela; você nunca encontrará nada mais cristalino do que a morte. Se o medo da morte surgir, isso significa que ainda existem algumas brechas que ainda não foram preenchidas com o viver.



Portanto, esses medos da morte são muito úteis e esclarecedores. Eles lhe mostram que a sua dança tem de ser um pouco mais rápida, que você tem de viver com mais intensidade. Dance tão rápido que o dançarino desapareça e só reste a dança. Assim nenhum medo da morte pode visitá-lo.



"E o medo de ter de deixar toda essa beleza, essa amizade e amor." Se você vive totalmente no aqui e agora, que interessa o amanhã? O amanhã tomará conta de si mesmo.



Jesus está certo quando pede a Deus, "Senhor, dai-nos hoje o pão nosso de cada dia". Ele não está pedindo para amanhã, só o de hoje já é suficiente. Você tem de aprender que cada momento tem uma completude.



O medo de ter de deixar isso tudo só irrompe porque você não está vivendo plenamente no presente; do contrário não haveria tempo, não haveria mente e não haveria espaço.



Um dia perguntaram a um mercador quantos anos ele tinha. Ele disse, "Trezentos e sessenta anos". Sem poder acreditar, o homem disse, "Repita, por favor. Acho que não escutei direito". O mercador gritou, "Trezentos e sessenta anos!"



O homem disse, "Perdoe-me, mas não posso acreditar. Você não parece ter mais de sessenta!" O mercador respondeu, "Você não deixa de estar certo. No que diz respeito ao calendário, eu tenho sessenta anos. Mas, no que diz respeito à minha vida, eu tenho seis vezes mais do que qualquer pessoa. Em sessenta anos eu vivi trezentos e sessenta anos".




Depende da intensidade. Existem duas maneiras de se viver. Uma é à maneira do búfalo — ele vive horizontalmente, numa única linha. A outra é à maneira do Buda. Ele vive verticalmente, em altitude e profundidade.



Assim cada momento pode se tornar uma eternidade. Não perca tempo com o trivial; viva, cante, dance, ame de modo tão pleno e transbordante quanto você for capaz. Nenhum medo interferirá e você não ficará preocupado com o que acontecerá amanhã.



O hoje basta por si mesmo. Vivido, ele é tão pleno! Ele não deixa espaço para que se pense em mais nada.



Osho, em "O Livro do Viver e do Morrer: Celebre a Vida e Também a Morte"
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